
O balançar das tuas cadeiras pelas ruas de outono encantaram as folhas secas, caídas ao chão. O vento frio abraçou os teus cabelos, com aroma de saudade. Arrepiou os pelos da tua nuca, como se a tivesse beijado levemente. Os teus olhos fecharam-se em uma fração de segundos e te senti no meu paladar. Tinha um gosto amargo, como cidra. Embriaguei-me de paixão passageira, e traguei-te como tabaco.
Das tuas cinzas construí um novo “eu”, desiludido, desacreditado. Acompanhei-te pela avenida larga, lisa como tua pele. Perdi-te na poeira densa, cor de pastel. Sentei-me abaixo de um cajueiro, aguardei-te por mais um dia, tarde e noite.