sexta-feira, 23 de abril de 2010

O SABOR DO OUTONO




O balançar das tuas cadeiras pelas ruas de outono encantaram as folhas secas, caídas ao chão. O vento frio abraçou os teus cabelos, com aroma de saudade. Arrepiou os pelos da tua nuca, como se a tivesse beijado levemente. Os teus olhos fecharam-se em uma fração de segundos e te senti no meu paladar. Tinha um gosto amargo, como cidra. Embriaguei-me de paixão passageira, e traguei-te como tabaco.
Das tuas cinzas construí um novo “eu”, desiludido, desacreditado. Acompanhei-te pela avenida larga, lisa como tua pele. Perdi-te na poeira densa, cor de pastel. Sentei-me abaixo de um cajueiro, aguardei-te por mais um dia, tarde e noite.

2 comentários:

  1. Se o teu ácido encontrasse o gosto do amargo,faria da ausência desejo e do beijo a percussão que enucia o arbitrio da vida e do viver em função da experiencia de perfazer a verdadeira emoção.

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  2. Deixa as folhas secarem,/ tomarem suas cores de morte/ e enfeitarem o chão com tons marrom melancolia./ Espera a árvore murchar,/ seu casco rachar/ e sua copa sumir./ Os pássaros tomarão o rumo,/ e seus cantos ao céu subir./ Vento forte se tornará brisa triste,/ e brincará com os galhos fracos da estação./ Deixa o amor partir,/ pois tal qual o verde,/ ele há de retornar ao coração.

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