terça-feira, 4 de maio de 2010

O MENINO HOMEM




O menino tímido, calado, viaja pelo mundo em seu balão erguido por bolhas de sabão. O vento manso assopra rumo ao norte. A brisa quente o causa momentâneas vertigens e ele segue. Com o seu olhar de criança ultrapassa fronteiras, vence batalhas, e guerras mundiais. Sente a dor da perda, da ausência de carinho de sua mãe, tomada pelo tédio e comodismo, e desaba em lágrimas. Vislumbra momentos com a figura do pai, alimentado pelo trabalho duro e intenso.
A mágoa avassaladora o abraça, o beija, e o engana, passando a viver dentro de seu coração. O jovem garoto se dá conta de quanto cresceu, e se entristece por não enxergar mais o mundo como uma ingênua criança. A mágoa, cansada da solidão, passa a conviver com a carência, considerada fraca e desesperadora. Cresce agora naquele homem, um ser confuso, desorientado, frio e utópico.
Dentro daquele homem existem sonhos próximos, e outros tão distantes quanto os sentimentos anteriores, confeitados de pureza. Em sua essência, um ser amável, amigo e carinhoso se esconde. Julga-se e é julgado como uma figura diferente das outras, mas isso não o deprime totalmente. Certas vezes parece cruel quando se refere ao alheio, por se embriagar de indignação inconsciente. Tudo isso porque na verdade, o pequeno garoto, o grande homem, pisou em terra firme.

2 comentários:

  1. Achei muito bom esse texto Marcus. Muito bom mesmo.

    ResponderExcluir
  2. A essência do teu ser é a utópia que fez casas em teu coração, é o brilho do teu olhar outrora infantil que oculta teu amor, se permitindo manifestar em cada abraço e em tuas verdades que fazem de ti peculiar e mais que especial, sendo o destaque em meio a multidão. És ainda assim o receio indefeso do destino que te confunde e desespera, sem saber que a glória é tua por seres o homem de rara índole, modelo dos sonhos e guardião dos sentimentos.
    Deixa o vento te levar, pois teu balão segue para as nuvens que adoçam momentos sem perceber, e de lá a vida parece mais bela. Mas aqui em terra és para mim porto seguro, verdade e motivo de felicidade e tua utópia é complemento de minha insanidade.

    ResponderExcluir