sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

A OBRA DA VIDA




Admirar as coisas simples da vida sempre foi um dos meus passa-tempos preferidos. Isso acontece corriqueiramente através dos meus olhos e por trás das lentes da minha câmera. Cada elemento, seja ele material, ou aquele que só se consegue sentir, como o vento, o frio, o calor, elemento este que sinceramente não me agrada muito. Ela te reserva surpresas diárias que te fazem crescer. Algumas vezes chego a tocar o céu, outras me encontro no fundo do poço devido aos tombos. Mas em ambas as circunstâncias aprendo alguma coisa.
Pra mim a vida é um grande livro, em que a cada segundo uma palavra é escrita. Algumas páginas são riscadas, outras rasgadas e até mesmo queimadas, para que no final tudo esteja pelo menos próximo do perfeito. É como se fôssemos grandes escritores, que procuram a cada desenhar de uma letra, deixar tudo impecável, visando fascinar os leitores ansiosos.
Leitores esses que serão nossos filhos, netos, amigos e usarão a sua obra da vida como base teórica e exemplo. Mas quando digo de perfeição, não falo de seguir tudo à risca. Até porque de um grande erro, pode vir um significativo acerto futuro. Por isso eu erro, acerto, amo, odeio, riu, choro, pulo, caio, danço... por isso EU VIVO.

terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

Eu já não sei

Eu já não sei
Se fiz bem ou se fiz mal
Em pôr um ponto final
Na minha paixão ardente
Eu já não sei
Porque quem sofre de amor
A cantar sofre melhor
As mágoas que o peito sente

Quanto te vejo e em meus sonhos sigo os teus passos
Sinto o desejo de me lançar nos teus braços
Tenho vontade de te dizer frente a frente
Quanta saudade há do teu amor ausente
Num louco anseio, lembrando o que já chorei
Se te amo ou se te odeio
Eu já não sei

Eu já não sei
Sorrir como então sorria
Quando em lindos sonhos via
A tua adorada imagem
Eu já não sei
Se devo ou nao deva querer-te
Pois às vezes quero esquecer-te
Quero mas não tenho coragem

António Zambujo.

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

Memórias




As lembranças de uma noite fria assombram as manhãs agitadas e as corriqueiras tardes de verão. O ar pesado, regado de melancolia, me causa momentâneas vertigens, afogadas em infindáveis copos de cerveja e cigarros. Seja em um bar, ou dentro do meu próprio quarto. O calor das cobertas ameniza todo o frio da solidão, já desamparada e confusa devido ao comprometimento da minha lucidez. Todos os momentos bons vêm à tona. As lágrimas já caem naturalmente em sintonia com as lembranças, recordadas em forma de filme, com direito a trilha sonora e legenda.
De repente me transporto ao mundo das recordações, onde as flores cheiram a nostalgia e tudo parece real de mais a ponto de me enganar. Eu revivo tudo aquilo em tom de partida. As cores deslumbram meus olhos já encharcados e desconsolados em ter que se desvencilhar daquele mundo.
A lucidez bate em minha porta, me abraça e eu durmo.

Marcus Miranda

domingo, 21 de fevereiro de 2010

O Amor




O que falar a respeito do amor? Pra mim esse sentimento é tido como um enigma, onde teorias, especulações e a própria ciência, não conseguem decifrar. Não sei se já amei, já que “amar” pra mim não tem definição. O amor se sente, dentro e fora da carne. Ele te leva a mundos jamais visitados, sem a necessidade de se preparar uma mala, cheia de artefatos para se sobreviver. Quando se ama é somente você e outro.
Admito que sou um romancista nato e também confesso que as vezes sonhador de mais. Constantemente me pergunto se sonhar custa alguma coisa. Pra mim o valor é caro e me endivida por dias, semanas, meses e até anos. Quando se ama o corpo vai às alturas, e flutua em uma cadência suave e musical.
Quando falei da dívida, falo sobre a eternidade. Nada é eterno. Pelo menos não na mesma intensidade do início. Tudo se desgasta fisicamente e principalmente emocionalmente. Quando isso começa a acontecer ou simplesmente acaba, a dívida se reflete em marcas praticamente eternas.
No meu caso, a necessidade extrema de se amar, é engolida com a ajuda de uma xícara de café, adocicada de carência. Isso definitivamente me assusta, pois nem sempre recebemos o retorno que esperaríamos receber. É algo incontrolável e só se sente, não se impõe.

Marcus Miranda

sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

GETTING OLD

O tempo. Ah o tempo, sem dúvida alguma é um dos mistérios mais fantásticos que pairam em minha mente. O tempo te faz amadurecer, te faz perder pessoas amadas, mas ao mesmo tempo te dá de presente novos rostos. Te faz esquecer, mas ao mesmo tempo te faz lembrar. Te faz mergulhar em lembranças nostálgicas amargas e ao mesmo tempo doces.
Te constrói aos poucos, te ensina, te puni com marcas físicas, emocionais e é definido como uma indefinição. É a soma anual em números, tidos como idade. Números estes que passarão por você somente uma vez em toda a sua vida, dando lugar a outros com o passar do tempo.
O mistério é cruel, consolador, belo, amável, e te enche de vida ao mesmo tempo que a deixa mais curta. Pois é caros colegas, esse é o TEMPO, alguém o define?

Marcus Miranda

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

RETRATO FALADO

O livro do esquecimento está aberto
As palavras já são jogadas fora, sem pena, sem dor
As tardes quentes se tornaram meras lembranças, guardadas no fundo de um baú
O orgulho fechou os olhos do amor e o cegou
O racional tomou conta daquele corpo que se modificou
A porta entreaberta deixa escapar os últimos suspiros de alguém que só queria amar
Vestido de solidão e angústia
Sem par, nem ímpar.

Marcus Miranda

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

Sem DÓ.

A música, enterrada em meu ser, cresce, desabrocha, e dá frutos infinitos, que alimentam a minha alma faminta de sonhos, boas energias, e sensações inexplicáveis. Para me aliviar da imensa dor de pensamentos sem cor, me embriago de tons maiores e admito que os menores predominam. Engulo as palavras sem DÓ, para RE'spirar. MI'nha FÁ'la se dis'SOL've LA'mentavelmente em sorrisos SI'mpáticos, que sinceramente não me satisfazem mais.

Marcus Miranda.