sexta-feira, 23 de abril de 2010

O SABOR DO OUTONO




O balançar das tuas cadeiras pelas ruas de outono encantaram as folhas secas, caídas ao chão. O vento frio abraçou os teus cabelos, com aroma de saudade. Arrepiou os pelos da tua nuca, como se a tivesse beijado levemente. Os teus olhos fecharam-se em uma fração de segundos e te senti no meu paladar. Tinha um gosto amargo, como cidra. Embriaguei-me de paixão passageira, e traguei-te como tabaco.
Das tuas cinzas construí um novo “eu”, desiludido, desacreditado. Acompanhei-te pela avenida larga, lisa como tua pele. Perdi-te na poeira densa, cor de pastel. Sentei-me abaixo de um cajueiro, aguardei-te por mais um dia, tarde e noite.

quinta-feira, 22 de abril de 2010

NOITE MORNA




O apagar das luzes devorou a minha alma, intensa e faminta por tua carne doce. Vi em teus olhos a fúria e o desejo de me ter dentro de ti. Rendi-me aos teus lábios quentes como o sol do meio dia. Percorri pelo teu corpo com a inocência de uma criança. Descobri sensações e fragrâncias inigualáveis. Arrepiei-me ao sentir a tua respiração morna e ofegante no meu pescoço e ouvidos. Éramos um só. Dois corpos unidos e compatíveis. Éramos o cair da noite e o amanhecer do dia. Éramos fim de tarde, cigarros e café.
Éramos nós, o embalo das horas. Seríamos nós, o renascer.